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Semana das Religiões de Matriz Africana - Dia de Ogun




23 de abril, na tradição afro religiosa do sul do Brasil, dia de homenagear Ogun, o Orixá do ferro, o senhor das guerras e das tecnologias.


Em Florianópolis, desde o ano de 2008, essa data marca a “Semana das Religiões de Matriz Africana”, instituída pela Lei Nº 7558. Essa foi uma conquista do “povo de santo”, uma oportunidade para trazer à pauta do dia a enorme invisibilidade e preconceito que vive cotidianamente o povo preto e sua cultura, entre elas a relação africana com o invisível e a natureza.


Desde o primeiro ano do nosso mandato agroecológico, em 2017, nos colocamos como co- organizadores da Semana das Religiões de Matriz Africana, junto com outros mandatos parceiros e, principalmente, junto às lideranças das tradições de matriz africana.


Todos esses anos, realizamos Sessões Comemorativas na Câmara Municipal de Florianópolis, com homenagens àqueles que fazem a tradição e vivem os fundamentos dos orixás, voduns e nkinses. Além disso, realizamos mesas de diálogos na Câmara, junto dos parceiros, nos dois primeiros anos do mandato.


Em parceria com o mandato do vereador Lino (PT), realizamos no ano passado, a Semana das Religiões de Matriz Africana no Município de Florianópolis, com o tema Kosi Ewe, Kosi Orixá – Sem folhas não há orixás.


Foi um evento de muita potência simbólica e prática. Com a força e energia de Ossaim, o Orixá das folhas, fomos pra rua junto com o “povo de santo” para distribuir ervas e mudas e conversar com as pessoas sobre Ecologia, Cura e Tradição, na perspectiva de uma cosmovisão afrocentrada. Talvez o ponto alto do evento foi a criação de um canteiro dedicado às ervas e folhas dos Orixás, no Parque Ecológico Municipal do Córrego Grande, uma ação com o viés educativo, mas também com a intenção de ser um espaço público destinado ao cuidado das ervas de poder para o “povo de santo”, funcionando como uma salvaguarda desse conhecimento tradicional.


Nesse ano de 2020 gostaríamos de estar na rua novamente, organizando um evento para além da Câmara Municipal, mas os planos para o mundo foram diferentes. Estamos vivendo uma pandemia, e a melhor forma de lidar com ela é mantendo o isolamento social.


Todos os terreiros da cidade estão fechados, as comunidades dos terreiros não se relacionam uns com os outros de forma presencial desde as primeiras medidas de isolamento social, em março deste ano. O principal motivo dos terreiros estarem fechados é porque se entendem como parte da natureza e sabem que esse momento que estamos vivendo é uma manifestação da mesma natureza, além do mais, entendem que seus corpos são templos sagrados que expressam no mundo essas forças naturais, trazendo pra cada membro dessas comunidades a responsabilidade de si e dos outros.


Para um mundo visto por esse olhar, paira hoje na Terra a energia da doença: Obaluaê. Mas também é certo que o mesmo Orixá carrega em si a energia da cura. Por isso, a única coisa possível de se fazer é respeitar e ter paciência. Respeitar a energia que agora se manifesta e ter paciência, pois Obaluaê também é senhor do destino, ele sabe como e quando tudo isso vai passar.


Nós, do mandato agroecológico, faremos exatamente igual. Este ano, nossa Semana das Religiões de Matriz Africana será pautado pelos ensinamentos do Orixá Obaluaê. Ficaremos em casa com muito respeito e paciência.




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